Um estudo publicado recentemente na famosa revista científica “Cell Host e Microbe” revela que o vírus do chikungunya pode atravessar a barreira que protege o sistema nervoso central, causando sequelas ou levando o paciente à morte. 

Este estudo contou com a participação de pesquisadores da Unicamp, USP, Texas Medical Branch, Imperial College London, Universidade de Kentucky e Laboratório Central de Saúde Pública do Ceará, que descobriram que o vírus da chikungunya é capaz de se espalhar pelo sangue, atingir múltiplos órgãos e causar danos cerebrais.

Segundo a farmacêutica bioquímica Shirlene Telmos (foto), um dos principais achados desse estudo foi a presença do vírus chikungunya em amostras de um líquido que protege as estruturas cerebrais, agindo como uma barreira protetora, o que demonstra sua capacidade de atravessar essa camada protetora e chegar até o cérebro.

Shirlene Telmos, que trabalha no LACEN/CE e é pesquisadora colaboradora do Laboratório de Estudos de Vírus Emergentes da Unicamp (SP), acrescenta que o chikungunya também pode causar problemas na circulação do sangue, levando ao aparecimento de trombos.

“A pesquisa foi realizada no Ceará, um dos estados brasileiros mais afetados pelo vírus, que já teve trêsondas epidêmicas de chikungunya”, ressalta a farmacêutica, enfatizando que a doença se manifesta de forma aguda, subaguda e crônica e as dores articulares podem durar meses.

“Entretanto, nesse estudo, se observou uma mudança no padrão de comportamento da doença. Ela passou de uma doença conhecida por dar fortes dores nas articulações para uma doença que pode causar danos neurológicos e levar à morte”, diz Shirlene.